quinta-feira, julho 12, 2007

Num banheiro imundo,
Acendo um cigarro,
Gargalho.

Brincando de querer o que não quero,
e sentindo o que não sinto,
Espalho.

Com palavras e salivas, infecto.
e assim adoecida
Bebo mais um trago,
Gargalo.

Debochando de mim mesma
Dos desejos que não tive,
e os amores que vivi,
Escorrego.

E deito nua neste chão gelado,
Sinto frio queimando espinha.
Teu cheiro estacionado à porta
Entrego.

E persegue, e bate, espanca e grita.
Meu sonho de mentira,
fantasia copiada.
Nego.

Que um dia fui feliz
Invento que foi eu quem quis
E conto histórias
E imagino, e crio, e enfeito
Acredito.

Realidade pré-moldada
Poesias inventadas, vidas arrastada
E faz de conta de magia
E no canto dos lábios,
Sorriso!

[ecoam meus berros]

"Mornamente"

Desespero preso na garganta, ganido.
Eco trêmulo ao meu ouvido, gemido.
Fervor na pele queimando rosto,
Tudo que sou, somente esboço.

E canto e grito, engano e escondo,
Sorriso enfeito, alvo e branco.
Uso capas e batons, espanto nudez
Máscaras em vários tons, perder lucidez.

Sangue morno corre em ébria mente
Carne seca, cansada, vida estagnada,
Nem frio ou quente, olhar dormente.

E forte brado se perde ao vento,
Engulo a seco a lágrima estocada.
Apelo! Definha-se tempo...

Amanda Oliveira