segunda-feira, novembro 20, 2006

Confuso

Meias palavras
Palavras inteiras
Meias palavras
Mesa, cadeira
Palavras inteiras
livros, prateleira
Cheio de palavras
Sem conteudo
Palavras vazias
Sorriso mudo
Meias verdades
Não, só meias palavras
Inteiras vontades
Escondidas
Em meias palavras...


Dinha Oliveira

Anjo Negro

Sou sempre o que chega atrasado
Sempre o que escreve errado
Aquele que parte querendo ficar
Borboleta que não aprendeu a voar

Aquele de humor mal humorado
Olhos caídos e marejados
Braços abertos a esperar
Que não cansa de sempre chorar

Sou fraco, inútil e esquecido
Corpo cansado, curvado, estremecido,
Ofegante de correr sem chegar

Sou raso, insosso, despercebido,
Alma pesada, coração adoecido,
Esperando anjo negro chegar.


Dinha Oliveira

Mundos Distantes

Pedi pro vento levar-te um beijo
E às abelhas o mel emprestado,
Pra quando a brisa tocasse teus lábios
Sentisse o tamanho do meu desejo.

Pedi ao sol que forte brilhasse
E à flor que em cor desabrochasse,
Pra quando ganhares o meu presente
Esqueças que estou cá, ausente.

Mas, ao nosso amor, Zeus se zangou,
Com uma tormenta, o céu fechou,
E tua Vênus em vão chorou.

Na colméia, abelha se escondeu,
De tanto frio, flor encolheu.
És um mortal, sonho dissipou.

Dinha Oliveira